
basquete sobre rodas: a quadra como espaço
de inclusão, autonomia e qualidade de vida
Força de vontade! Essa é uma das sensações mais presentes na quadra poliesportiva do Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (CEPID), localizada na Barra do Ceará, na cidade de Fortaleza. O prédio, totalmente acessível, oferece gratuitamente esportes adaptados para pessoas com deficiência, em modalidades como natação, basquete em cadeira de rodas e futebol para cegos.
É nessa quadra que a equipe de basquete em cadeira de rodas da Associação Desportiva dos Deficientes do Estado do Ceará (ADDECE) costuma brilhar. Criado há 9 anos, o grupo nasceu e é mantido pelo sonho de Lídio Andrade, treinador do time, que vê no esporte uma oportunidade para pessoas lesionadas se readaptarem à nova realidade.
“O objetivo da associação é a inclusão. A gente vê autoestima elevada, autonomia. Alguns dos atletas que chegam aqui ficam de cabeça baixa e em alguns meses de treino, eles já estão comunicativos, falando e enfrentando melhor as dificuldades do dia a dia”, comenta.
Aberto ao público, o projeto conta hoje com cerca de 20 homens e mulheres que encontraram no esporte formas de vencer os próprios limites. A paraense Andréa Farias é uma das pessoas que viu sua vida mudar depois do esporte. “O basquete me ajudou em tudo, me habilitar em casa, aprendi a viver, na parte da minha mobilidade, na saúde”, diz a jogadora.
Há dez anos, Andréa veste a camisa 4 da seleção brasileira feminina de basquete em cadeira de rodas, já tendo participado das paraolimpíadas de Londres e do Rio de Janeiro. Há 4 anos, ela veio para Fortaleza treinar no time da ADDECE.

Entre bolas, barreiras e conquistas mundiais
A superação do grupo da Associação Desportiva dos Deficientes do Estado do Ceará (ADDECE) também alcança outras quadras. Um exemplo disso é a presença de Andréa Farias e Lídio Andrade na equipe que irá representar o Brasil no Mundial de Basquete em Cadeira de Rodas, que acontecerá em agosto de 2018, na Alemanha.
As inúmeras dificuldades não abalam a força de vontade de quem participa e quer ver a ADDECE voar mais alto. Essa não é a primeira vez que o grupo marca presença em outras quadras. O time participa de competições dentro e fora do Ceará e revelou atletas da equipe nacional de basquete em cadeira de rodas nas Paraolimpíadas de 2016.
As conquistas, no entanto, não apagam as barreiras que os atletas enfrentam. Lídio comenta que o projeto recebe pouco patrocínio e divulgação e que a maior parte do que eles conquistaram vem dos bolsos dos próprios esportistas ou esforços coletivos.
“O maior problema é a falta de material, uma cadeira adaptada é em torno de R$ 7 mil a R$ 8 mil. Mas é uma cadeira só e para ele tirar do bolso, onde a maioria recebe somente um auxílio, não tem patrocínio e nem nada, é complicado. Não tem material, fura o pneu, rasga o pneu, tudo isso é um custo e isso é na faixa de R$2.800 a R$3 mil, então vê que isso é complicado", explica.
O treinador reitera as dificuldades ligadas à manutenção e de transporte e tudo. "A gente vai se organizando, mas o material, chega a cortar o coração, tem atleta que passa a tarde olhando e não pode treinar, pois está sem material”.
Muitas vezes, os atletas precisaram fazer pedágio no sinal para arrecadar dinheiro. As cadeiras que precisam ser adaptadas ao jogo, por exemplo, encontram-se em estado precário e não são suficientes para toda a equipe. O próprio Lídio, além de treinador, cuida dos equipamentos e faz fisioterapia nos atletas.
Regras exigidas
Nessa modalidade do basquete, são necessárias cadeiras de rodas específicas, que devem seguir as regras exigidas pela federação, com características que visam proteger e facilitar o jogador. Além disso, os atletas são avaliados conforme o comprometimento físico-motor em uma escala de 1 a 4,5. Quanto maior a deficiência, menor a classe. A soma desses números na equipe que está jogando não pode ultrapassar 14. Assim como no basquete tradicional, o time conta com 5 jogadores em quadra e jogam 4 quartos de 10 minutos cada.
serviço
ADDECE - Associação Desportiva dos Deficientes do Estado do Ceará
Contato: Lídio Andrade (85) 98607-6625
CEPID - Centro de profissionalização inclusiva para a pessoa com deficiência.
R. Sen. Robert Kennedy, 128 - Barra do Ceará, Fortaleza - CE
Texto
Beatriz Morais, Jean Lucas, Natiele Maíra
Imagens
Natiele Maíra
Edição de imagem
Calebe Rodrigues
Design Gráfico
Calebe Rodrigues
